Deputados discutem parecer sobre denúncia contra Michel Temer. Foto:Gilmar Felix/Câmara dos Deputados
"Deputados comprados vieram com defeito", brincava a edição 39 do tablóide humorístico Planeta Diário em 1988. Empossado em lugar do falecido Tancredo Neves, de quem era vice, o então presidente José Sarney era acusado de liberar verbas públicas a deputados que votariam pela extensão de seu mandato presidencial de quatro para cinco anos. A CPI da Corrupção chegou a recomendar o impeachment de Sarney, arquivado pouco depois pelo presidente da Câmara. Os cinco anos de mandato foram aprovados e Sarney, o primeiro presidente da redemocratização – que por ironia era da base de apoio da ditadura –, ficou até 1990, quando Collor assumiu o poder.
Como se vê, nem o presidente Michel Temer nem a Câmara do Deputados inovaram ou evoluíram nesses 42 anos de redemocratização. De acordo com o Valor Econômico, somadas os mais de 3 bilhões de reais de emendas à renúncia fiscal de 7,6 bilhões em favor dos produtores rurais – donos de uma bancada de 207 deputados – e do aumento dos royalties da mineração (em favor das bancadas de Minas e do Pará) – "o pacote de bondades" do governo para livrar Temer chegou a 13,2 bilhões de reais. Ah, a crise!
Talvez seja por isso que os deputados viram tantas melhorias na economia – usada como desculpa por muitos para livrar de investigação o presidente acusado de corrupção. Não é o que dizem os números (veja o Truco) nem o que sentem os brasileiros, 92% contrários ao governo Temer segundo as pesquisas.
O que realmente parece ter mudado dos tempos da manchete do Planeta Diário para cá é o grau de controle das empresas sobre o Congresso. Um levantamento da Pública realizado em 2016 entre as bancadas da Câmara mostrou que além dos beneficiados ruralistas mais de 200 deputados compõem as bancadas empresarial e a das empreiteiras e construtoras (muitos são se ambas), o que se revelaria nas delações da Lava Jato. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi acusado por cinco delatores diferentes de vender medidas provisórias.
Ah, e por falar em Planeta Diário, uma de suas campanhas mais bem sucedidas foi a que quase elegeu o Macaco Tião à Prefeitura do Rio. Seu adversário era César Maia, o pai do atual presidente da Câmara, e os cariocas já pressentiam o caos lucrativo que se abateria sobre a cidade.
Como se vê, nem o presidente Michel Temer nem a Câmara do Deputados inovaram ou evoluíram nesses 42 anos de redemocratização. De acordo com o Valor Econômico, somadas os mais de 3 bilhões de reais de emendas à renúncia fiscal de 7,6 bilhões em favor dos produtores rurais – donos de uma bancada de 207 deputados – e do aumento dos royalties da mineração (em favor das bancadas de Minas e do Pará) – "o pacote de bondades" do governo para livrar Temer chegou a 13,2 bilhões de reais. Ah, a crise!
Talvez seja por isso que os deputados viram tantas melhorias na economia – usada como desculpa por muitos para livrar de investigação o presidente acusado de corrupção. Não é o que dizem os números (veja o Truco) nem o que sentem os brasileiros, 92% contrários ao governo Temer segundo as pesquisas.
O que realmente parece ter mudado dos tempos da manchete do Planeta Diário para cá é o grau de controle das empresas sobre o Congresso. Um levantamento da Pública realizado em 2016 entre as bancadas da Câmara mostrou que além dos beneficiados ruralistas mais de 200 deputados compõem as bancadas empresarial e a das empreiteiras e construtoras (muitos são se ambas), o que se revelaria nas delações da Lava Jato. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi acusado por cinco delatores diferentes de vender medidas provisórias.
Ah, e por falar em Planeta Diário, uma de suas campanhas mais bem sucedidas foi a que quase elegeu o Macaco Tião à Prefeitura do Rio. Seu adversário era César Maia, o pai do atual presidente da Câmara, e os cariocas já pressentiam o caos lucrativo que se abateria sobre a cidade.
Marina Amaral, codiretora da Agência Pública
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